A Origem africana da Maçonaria

Home Espiritualidade A Origem africana da Maçonaria
A Origem africana da Maçonaria
Espiritualidade

Durante muito tempo, acreditou-se que a Maçonaria era uma sociedade secreta de cultos obscuros. Sabe-se que essa ideia foi constituída pela estrutura social e política na Idade Média e Idade Moderna, sendo, então, considerada uma fraternidade herética.

A origem da maçonaria possui diversas narrativas; no entanto, pode ser compreendida em alguns marcos temporais, como o seu surgimento na Idade Média, o período operativo compreendido pela estruturação dos construtores de igrejas, e a fase especulativa com a fundação da primeira grande loja de Londres em 1717.

A maçonaria é uma fraternidade originária das antigas guildas de construtores, documentada por alguns intelectuais eurocêntricos como James Anderson e Thomas Paine, a partir de Euclides – o matemático grego conhecido como o pai da geometria no ocidente – e os desdobramentos das teorias de Pitágoras sobre Euclides, baseados em seus anos de estudos no Kemet (Egito).

A origem africana da maçonaria pode ser demarcada pelas evidências arqueológicas próximas de Deir Almedina, região do antigo Kemet conhecida como Vale dos Reis, fundada por Amenhotep I no século 16 A.E.C. e nomeada como Set Maat – o lugar da verdade. Essa região era caracterizada por ser habitada majoritariamente por trabalhadores qualificados que possuíam conhecimentos e técnicas avançadas de construção.

Além disso, a comunidade possuía muitas práticas religiosas, incluindo a consulta oracular. Em Deir Almedina, estavam localizados os templos de Hathor, Ptah, Ramsés II e da Rainha Hatshepsut, incluindo também o culto a Djehuty (Thot) e Seshat, devido às suas atribuições ligadas à astronomia, matemática e arquitetura, o que tornava essa comunidade os principais construtores de Ta-Set-Neferu, local conhecido como o Vale das Rainhas, ou o Lugar da Beleza, uma região dedicada a Hathor.

A Maçonaria possui uma relação intrínseca com a astronomia, relacionada ao astrônomo grego Hiparco, que copiou a representação de Dendera presente no templo de Hathor, cuja estrutura foi dedicada a Ausar – Osíris. Até hoje, os símbolos dos doze signos do zodíaco Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, a Lua, Sírio, Órion e as três constelações conhecidas do norte, Draco, Ursa Menor e Ursa Maior, estão presentes. Além disso, o eixo da esfinge aponta para a constelação de Leão, há mais de 12.000 anos.

Drusilla Dunjee Houston, em “Grandiosos Etíopes do Antigo Império Cuxita”, ao remontar o antigo império dos cuxitas, apontou que George Rawlinson, após suas exaustivas pesquisas sobre a vida das nações antigas, disse que:

“O Egito e a Babilônia, Mizraim e Nimrod, ambos descendentes de Cam, lideraram o caminho e agiram como pioneiros da humanidade nos vários campos intocados da arte, ciência e literatura. Escritos alfabéticos, astronomia, história, cronologia, arquitetura, arte plástica, escultura, navegação, agricultura e indústrias têxteis parecem ter tido sua origem em um ou no outro desses países”. (Ancient Monarchies of Rawlinson, Vol. I.)

Apesar de a maçonaria ter sido consolidada por meio da história africana, muitos afro-americanos tiveram sua adesão negada na primeira grande loja de Massachusetts. No entanto, na Irlanda, em 1775, Prince Hall fundou a primeira Loja Maçônica Africana, na qual seus membros afirmaram e reivindicaram suas relações com a África, com o objetivo de desenvolver seu autogoverno nos Estados Unidos. Por essas realizações, Prince Hall é considerado o “Pai da Maçonaria Africana Americana”.

As reivindicações da presença africana na maçonaria, apontadas por Prince Hall, também foram apresentadas pelo intelectual nigeriano Lucas Olumide em sua tese “The Religion of the Yorubas”, na qual traçou a origem de várias fraternidades africanas até o antigo Kemet (Egito), destacando as representações de Osíris na tradição de Ifá, presente na Fraternidade Ogboni, que atualmente é conhecida como Maçonaria Nigeriana, assim como outras sociedades secretas africanas que estão presentes nas Américas, inclusive no Brasil.

Se você gostou do conteúdo, compartilhe esta postagem para que mais pessoas conheçam a história da maçonaria por meio de uma abordagem afrocêntrica, e não se esqueça de salvá-la para reler sempre que necessário.

Indicação de leitura:

A Sociedade Ògbóni e a sua conexão com a tradição de Ifá – Kábíyèsí Ọba Adekunlé Aderonmu [ em português]
Brothers under the Skin – em inglês [Acesse aqui]

Imagem Ned Gerard / Hearst Connecticut Media

Texto de Wanessa Yano

Posts Relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Esse conteúdo está protegido!