Dentro da perspectiva africana, para estar saudável é necessário haver harmonia entre os vivos, o ambiente social e natural e a relação com os antepassados. Os processos de cura envolvem tratar a mente, o corpo e o espírito em comunhão.
É essa a responsabilidade que as Tinyanga, as curandeiras de Moçambique, possuem.
Tinyanga (plural de Nyanga) é um termo da língua bantu changana, falada entre os povos que habitam a região sul de Moçambique, podendo ser traduzido como “médica-sacerdote”.
Eram mulheres e homens que trabalhavam em suas casas em troca de pequenas remunerações e, para cada caso, havia um ritual diferente envolvendo ervas e cantos. Se engana quem pensa que seu papel era restrito à área da saúde: muito mais que curandeiras, Tinyanga eram vistas como detentoras dos valores sociais e morais da sociedade.
Eram médicas, psicólogas e dirigentes espirituais. Por conta dessa importância, foram alvos das estratégias do Estado português, sofrendo perseguição, encarceramento e até mesmo castigos corporais caso continuassem a atender a população.
Com essas ações o governo, os missionários e os médicos portugueses desqualificaram a medicina moçambicana e classificaram como primitiva, charlatona e diabólica.
Durante a implantação do Estado colonial português em 1927 e até hoje, esse grupo de imensa importância e sabedoria ancestral tem lutado para permanecer em atuação e, mesmo após a independência de Moçambique, há um processo de restauração social do valor dessa rica atividade.
O que acharam? Vocês conheciam as Tinyanga?
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Texto de Mayra de Jesus Luiz
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