Existem alguns elementos bastante evidenciados que tornam a identificação de uma escrita afrofuturista de fato possível. São eles:
– A primeira, de natureza subjetiva, uma das mais importantes, se dá pela autoria preta do autor, escritor, roteirista (HQs, Graphic Novels, áudioséries / áudiodramas e audiovisual) ou dramaturgo (para o teatro). Não se fala em referência e identificação de uma escrita afrofuturista a partir da autoria pertencente a uma pessoa não negra, pois tal movimento enquanto seus ditames gerais que repousam na esfera social e política (pan-africanista) conversam diretamente com aqueles que estão em seu lugar de pertencimento;
– Os atravessamentos de determinadas temáticas desenvolvidas e abordadas na construção da narrativa ou arch plot (design clássico narrativo) do projeto de escrita, precisam referenciar e/ou transitar sobre epistemologias ancestrais de matrizes africanas ou afro-diaspóricas (múltiplas diásporas, não apenas Brasil). Visando resgatar memórias, e histórias no passado, e as reformulando, em um futuro possivelmente afro transcendido, ou em ritos, mitologias, fábulas harmonizadas com um ou mais subgêneros da ficção especulativa voltada à estética afrofuturista. Assim, harmonizando ou não ao afropresentismo em uma possível projeção de futuros pretos, independente da escala de linha temporal em que se passe a trama (Obs.: não sendo obrigatório que pertença à literatura fantástica);
– Protagonismo é importante para que se permita uma orientação africana centrada, ou afrocêntrica no cerne deste projeto de escrevivência do autor preto, autora preta ou atore prete, o DNA do projeto precisa nascer do afrocentro, sendo possível identificar isso na construção do mundo e seus elementos.
E aí, qual livro Afrofuturista tem lido?
Texto: William Douglas Braga
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